sábado, 25 de fevereiro de 2012

CORAÇÃO DE ESTUDANTE – Minas para o Brasil

Por Wesley Vieira - diretamente de Minas Gerais
O “tempo tempo tempo tempo...” como diz a música de Caetano Veloso entoada na atual novela das seis na voz de Maria Gadu, passa rápido demais e nem parece, mas há exatos 10 anos atrás, o horário das seis nos brindava com uma trama simples, simpática, alegre e emocionante: “Coração de Estudante”, novela escrita por Emanuel Jacobina com com a colaboração de Cristianne Fridman, Max Mallmann, Nelson Nadotti e Júlio Fischer e direção de Ricardo Waddington. Uma delícia de história que retratou Minas do jeito que ela realmente é (palavra de um autêntico mineiro!).

“Coração de Estudante” é especial para mim, não somente pela deliciosa história, mas também porque coincidentemente em 2002, passei o carnaval em Ouro Preto, paraíso para estudantes, e então pude constatar como é viver numa república de estudantes. As bagunças e farras são reais e insanas. Só quem viveu, conheceu ou passou por isso, sabe como é ter esse verdadeiro coração de estudante.

Obviamente, “Coração de Estudante” falava do universo estudantil durante as suas duras jornadas no mundo acadêmico em meio aos dramas, angustias e, claro, muitos romances e humor tendo as cidades históricas do interior de Minas Gerais como cenário. A novela foi extremamente feliz ao retratar com exatidão aquele clima e segundo o Guia Ilustrado da TV Globo, uma declaração de amor a nós, mineiros. Posso ir mais além e dizer que a novela também foi uma homenagem aos estudantes. Por que não?

A fictícia cidade de Nova Aliança ficava pertinho de Ouro Preto e era pra lá que o mocinho, o professor de biologia Edu, vivido por Fábio Assunção, ia lecionar na UENA (Universidade Estadual de Nova Aliança), levando Lipe (Pedro Malta), seu filho, fruto de um relacionamento com a alcoólatra Mariana (Carolina Kasting). Edu é noivo da mimada e chiliquenta Amelinha (Adriana Esteves), filha do poderoso João Mourão (Claúdio Marzo). Idealista como só, o professor se assusta ao descobrir que praticamente toda a cidade pertence ao sogro.

Como bom folhetim que se preza, Edu não amava Amelinha e foi se apaixonar justamente pela linda advogada Clara (Helena Ranaldi), que mais tarde descobre ser filha de João, seu maior opositor. Portanto as duas rivais são... irmãs (que descoberta!).
 
Apaixonado por Amelinha, que o fazia de gato e sapato, Nélio (Vladimir Brichta) era um peão rude e rabugento no início da novela. Com as mudanças provocadas no texto em virtude da consultoria de Carlos Lombardi que fora convocado para aumentar a audiência, o rapaz se tornou o divertido “bejeto sexual” das mulheres largado à própria sorte. Praticamente todas as fêmeas da cidade de Nova Aliança passaram pela mão do peão que só queria o amor de Amelinha. Aos poucos, a mimadinha descobriu que realmente era louca pelo peão boboca.
Foi a partir dessa fase que “Coração de Estudante” cativou de vez os telespectadores. A chegada de Pedro Guerra (Bruno Garcia) também movimentou a história. O promotor público - adepto de diálogos espirituosos, bem humorados e inteligentes - se tornou rival de Edu na disputa pelo amor de Clara e por pouco não fisgou o coração da mocinha.
Romances à parte, o relacionamento de pai e filho entre Edu e Lipe foi emocionante. E “Coração de Estudante” também tratava de assuntos sérios como a preservação ao meio ambiente (João Mourão queria construir uma hidrelétrica em terras que ficavam na divisa com a Universidade), a síndrome de Down (Amelinha fingia estar grávida de Edu, conseguia se casar com ele e descobria-se que o bebê, na verdade filho de Nélio, teria a Down) e o alcoolismo (Depois de ter abandonado o filho, Mariana chega à cidade causando problemas por conta de seus antigos vícios).

A trama contava com duas autênticas repúblicas de estudantes, palco para as aventuras e farras juvenis. Na Três Corações - só para moçoilas - estavam Rosana, mãe solteira de um bebê (papel de estréia de Alinne Moraes) e Rafaela (Julia Feldens), jovem de origem humilde lutando para continuar os estudos e tentando fugir daquele eterno clima de festa. Já na República Bananeiras, até as paredes exalavam hormônios masculinos. Era lá que o paulista Fábio (Paulo Vilhena estreando em novelas) ia sofrer como “bicho” nas mãos de veteranos como o conquistador Baú (Claúdio Heinrich) e Cardosinho (Betito Tavares).

E as trilhas? Não poderia deixar de falar sobre elas. A nacional transpirava mineiridade. Muitos cantores mineiros deram o ar de sua graça. Era lindo ver canções como “Paisagem na Janela” na voz de Lô Borges ilustrando as maravilhosas montanhas de Minas. O pop-rock do Pato Fu com “Menti pra você, mas foi sem querer” representava os estudantes. Ana Carolina cantava “Confesso” para Amelinha. Milton Nascimento surgia em dose dupla com “Änïmä" e "Angelus". 14 Bis e Samuel Rosa com "Bola de Meia, Bola de Gude" deixavam as cenas entre Edu e Lipe mais bonitas. A abertura ficou a cargo de Beto Guedes com a envolvente “Maria Solidária”.

A trilha internacional já foi mencionada em outro post de minha autoria aqui no Melão. Excelente! Sem dúvida, uma das minhas preferidas. Só a presença da balada “Wherever You Will Go" do The Calling já merece menção honrosa.

“Coração de Estudante” terminou no dia 27 de setembro de 2002 e foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo em novembro de 2007. Uma novela deliciosa que sempre vale a pena ver e rever...



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Quando o vilão são as circunstâncias


Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manuela (Marjorie Estiano) dividindo opiniões em "A vida da Gente"

Independente de números de audiência sempre ingratos para o horário das seis, principalmente em época de horário de verão, “A vida da gente” vem tendo uma enorme repercussão desde seu início, causando verdadeiro frisson nas redes sociais durante sua exibição e promovendo um constante fórum de discussão digno de novela de horário nobre. Muito dessa repercussão se deve ao seu mote fortíssimo, no qual os papéis dramáticos aos quais estamos tão acostumados, não estão claramente delineados. Como bem já apontaram Patricia Kogut  e Nilson Xavier em seus respectivos artigos, “A vida da gente” é uma novela sem vilões. Não se trata do eterno (e muitas vezes cansativo) embate entre o bem e o mal. Mas como uma novela consegue manter a ação constante e os conflitos sem que tenha um grande agente provocador?

O fato de não existir esse personagem capaz de alterar os rumos da trama não significa que essa trama não seja alterada. O grande vilão de “A vida da gente” são as circunstâncias que fizeram com que a protagonista Ana (Fernanda Vasconcellos) ficasse em coma por quatro anos e quando despertasse, percebesse que o grande amor de sua vida, Rodrigo (Rafael Cardoso), está casado com sua irmã Manuela (Marjorie Estiano), criando com ela a sua filha Julia (Jesuela Moro). Para Ana, é como se ela tivesse dormido em um dia e acordado no outro, mas nesse longo período, o amor entre Manuela e Rodrigo foi aflorando e se construindo aos poucos, sem que se dessem conta. Ou seja, os três são as vítimas do destino e do “tempo, tempo, tempo, tempo” e sua ação transformadora. E antes que alguém argumente que a mãe das moças, a problemática Eva (Ana Beatriz Nogueira) ou a obsessiva treinadora Vitória (Gisele Fróes) possuem a má índole necessária para serem consideradas vilãs, discordo em considerá-las como tal. Além de serem personagens pra lá de complexas, com qualidades e (muitos) defeitos, não se mede um vilão pelo grau de maldade do personagem, mas por sua atuação negativa e efetiva na vida do protagonista. E ambas as personagens não possuem força suficiente para tal.

Camila (Carolina Dieckmann) em cena marcante de "Laços de Família"

Hoje em dia o público está muito acostumado com essa dualidade bem X mal, mas a história da telenovela já provou que é possível sim criar tramas impactantes e envolventes sem que haja esse embate entre bons e maus. Manoel Carlos é mestre em provocar emoções e gerar discussões que vão além desse simplismo. Em “Laços de Família” (2000), por exemplo, a grande vilã era a leucemia que acometeu a jovem Camila (Carolina Dieckmann) e desencadeou vários conflitos passados e presentes, obrigou a mãe Helena (Vera Fischer) a revelar quem era seu verdadeiro pai, Pedro (José Mayer) a obrigando a se envolver novamente com ele para engravidar e tentar salvar a filha. Lógico que essa reaproximação gerou a maioria dos conflitos  da novela. Em “Viver a Vida”, também de Maneco, o vilão foi o acidente sofrido por Luciana (Alinne Moraes) que a tornou tetraplégica e transformou a vida de todos a sua volta.

Lucinha (Betty Faria) e Carlão (Francisco Cuoco) em "Pecado capital"

Um exemplo das antigas é a clássica “Pecado capital” (1975), de Janete Clair, mestra desde sempre a criar mocinhos que fogem ao modelo de perfeição, ao contrário do que muitos acreditam como, por exemplo, Cristiano Vilhena de “Selva de Pedra” ou Herculano Quintanilha de “O astro”. Em “Pecado Capital” temos um bom exemplo dessa ausência de maniqueísmo. Na saga de Carlão (Francisco Cuoco) que acha uma mala cheia de dinheiro em seu táxi, não há nenhum personagem com mais força para desestabilizar seu mundo do que sua própria ambição, que o fez perder seu grande amor Lucinha (Betty Faria) para o empresário Salviano (Lima Duarte) e ainda lhe custou a própria vida.

Costuireiros rivais de "Ti Ti Ti"
Na primeira versão de “Ti Ti Ti” (1985), também não havia vilão. A trama era focada na rivalidade entre os costureiros Jacques L’eclair (Reginaldo Faria) e Victor Valentim (Luiz Gustavo).  Embora a trama de Cassiano Gabus Mendes nos criasse a tendência a torcer mais pelo elo mais fraco dessa batalha, no caso, Valentim, seu oponente não era necessariamente um vilão. Ao contrário, dois anti-heróis maravilhosamente construídos em que o grande mote não era o bem vencer o mal, mas até onde iria essa batalha com ares cômicos e épicos.

Ana (Cassia Kiss) e Clara (Claudia Abreu)

Em “Barriga de Aluguel” (1990), reprisada atualmente pelo Canal Viva, também não há um antagonista criando mil planos diabólicos para derrotar os mocinhos. Aqui a autora Gloria Perez introduziu um mote tão polêmico quanto rico ao questionar sobre a verdadeira maternidade de uma criança: quem doou o óvulo ou quem a gerou? Os argumentos foram apresentados no decorrer da novela e o público refletia sobre quem tinha direito à criança. Não houve uma resposta pronta e nem uma solução fácil, como a própria vida.

Portanto, mesmo que não seja uma novidade a ausência de vilania em “A vida da gente”, ela é extremamente bem vinda nesse atual momento de nossa teledramaturgia em que o telespectador, muitas vezes, não é levado a pensar, nem provocado com temas realmente relevantes. Não há uma resposta sobre quem tem razão, Ana ou Manuela. Ambas têm suas motivações, ambas foram vítimas das circunstâncias e é justamente isso que vem causando tamanha comoção por parte do público, bem como torcidas acaloradas para as duas. A autora Lícia Manzo e sua equipe estão sabendo desenrolar com maestria, a cada capítulo, novos fios de um novelo que está longe de ser facilmente desembaraçado. Nesse emaranhado, nada é simples ou raso e tudo pode mudar de acordo com o ponto de vista. Assim como a vida da gente.

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LEIA TAMBÉM:

Melão Express: Rapidinhas, mas saborosas – ed. 17






domingo, 5 de fevereiro de 2012

Blogueiro convidado: FABIO DIAS elogia “FINA ESTAMPA”




 Mais um convidado especialíssimo de fina estampa no melão. E esse vai dar o que falar. Diretamente do criativo blog parceiro do melão “O cabide Fala” (clique aqui para conhecer), Fabio Dias não titubeou quando lhe informei que estaria livre para falar sobre o que bem quisesse. Não se fez de rogado: criou esse verdadeiro dossiê ressaltando as qualidades de “Fina Estampa”, atual sucesso de Aguinaldo Silva, novela que vem batendo recordes de audiência, dividindo opiniões e causando verdadeiro furor nas redes sociais, que praticamente param para comentar a novela, seja para o bem ou para o mal. De qualquer forma, “Fina Estampa” está longe de passar despercebida e Fabio apresenta suas razões para acompanha-la. Melão agradece ao dono do Cabide e o convida a voltar sempre que quiser. Melão é seu, querido!

  
FINA ESTAMPA segue divertindo o Brasil!

Por Fabio Dias

Se tem uma coisa que mexe e acaba envolvendo todos, é  uma novela do horário nobre global. Mas ultimamente o horário estava decadente  até surgir com sua simplicidade e despretensão FINA ESTAMPA. A trama segue batendo recordes de audiência, mas divide opiniões. Alguns dos noveleiros mais exigentes a julgam como uma estória simples e banal. Outros a apontam que é dirigida para a “Classe C”. Mas será que faz sucesso somente nessa classe?



A verdade é que Fina Estampa está na boca do povo, o que era seu objetivo desde o início: ser uma história popular. Onde quer que eu passe, lá está alguém comentando sobre a novela, como há muito tempo eu não ouvia. Eu a vejo assiduamente, me divirto e me emociono sempre. Acredito que acompanhar uma novela, seja ela qual for, sem realmente estar sintonizado apenas nela, você não pega a essência e não se envolve com a trama muito menos com os personagens. Hoje em dia com o advento da internet, o Twitter tornou-se o encontro dos noveleiros, onde a maioria acompanha comentando.

E o porquê de tanto sucesso?

Após tantas novelas dramáticas e pesadas no horário o público se depara com uma trama leve, simples, desde o inicio envolvente, com texto afiado e ágil. Na terceira semana ela já teve uma reviravolta. Antenor (Caio Castro) foi desmascarado. Fina Estampa também tem alguns elementos populares que estão na mídia no momento como UFC e o Funk, tem o bom e velho drama com uma mulher batalhadora, uma vilã ardilosa e personagens cômicos como o Crodoaldo Valério. Ela também investe em uma tema inédito até então, a fertilização in vitro que começa a ganhar força na trama a partir de agora. Em meio às qualidades, muitos afirmam que é surreal, mas novela é ficção, não tem compromisso com a realidade.



Porém faço uma ressalva para algumas cenas que abusaram do surrealismo: Amália sofre um acidente, o carro capota várias vezes e ainda descobre que está grávida sem nenhum arranhão? Fred, o suposto amante de Crô, após uma tropeçar na escada morre? É muito comentada a volta da Marcela, após ser assassinada duas vezes, mas nesse caso é melhor aguardar as surpresas que o autor nos reserva. A novela ainda não acabou. Eu ri muito com a cena de Teresa Cristina encontrando a suposta Marcela no cemitério e ainda após o desmaio, acorda acreditando que morreu! A verdade é que gostando ou não, os brasileiros estão diariamente se divertindo com a trama surreal e caricata. O sucesso confirma essa tese.

Audiência é sinônimo de qualidade?

Há quem diga ainda que audiência não é sinônimo de qualidade. Uma simples opinião pessoal e mínima entre os milhões de telespectadores que acompanham a trama. Se formos por esse quesito, obras como A Próxima Vítima, Vale Tudo, Renascer entre outros sucessos não tiveram qualidade? Aguinaldo Silva em seu portal defendeu bem essa questão que é diariamente verbalizada nas redes sociais:


“Quando uma novela, em termos de audiência, dá dez vezes mais que a emissora segunda colocada, bom… Há ou não há que respeitá-la? Pois não existe argumento mais furado que este segundo o qual audiência não é sinônimo da qualidade… Já que estamos falando de televisão aberta, e nesta o que conta é a audiência – ela tem que ir aos píncaros ou os salários atrasam. O que as emissoras abertas de televisão buscam é audiência – a maior possível: esta, segundo os critérios delas, é que é o sinônimo de qualidade.”



As declarações de Aguinaldo sempre causam burburinho nas redes sociais. A “versão” virtual do autor é ácida, convencida e para muitos, arrogante. Engano total, Aguinaldo Silva pessoalmente é calmo, tímido e muito diferente do que possa parecer. Um jovem senhor de Fina Estampa.

Falando em audiência, Fina Estampa se consolida como a maior audiência da Globo nos últimos 5 anos. Confira seu gráfico, comparando com sua antecessora Insensato Coração nos seis primeiros meses.



  
E aí? Em tempo onde a internet e outras mídias têm mais força, uma novela reconquista o hábito da maioria dos telespectadores em acompanhá-la, merece ou não ser respeitada? Agora opinião e gosto são particulares de cada um.

Melão e Cabide bebendo da mesma fonte
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Leia também:

Blogueiro convidado: Carlos Carvalho e a busca da inspiração





quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

10 motivos para assistir a “Top Model “no “Canal Viva”



E o Canal Viva, esse lindo, continua nos brindando com re-reprises até então impensáveis. A queridinha da vez é “Top Model”, célebre novela de Walther Negrão e Antonio Calmon e um dos maiores sucessos do horário das sete. A exemplo do que fiz com “Vale Tudo” listei abaixo 10 motivos que fazem dessa reprise um programa imperdível. Vamos a eles:


1)   MALU MADER



Malu Mader já era uma das estrelas mais promissoras da casa, afinal já tinha se destacado em “Ti Ti Ti” e protagonizado “Anos Dourados” e “Fera Radical”, mas foi aqui que entrou, definitivamente, para o primeiro time da televisão.  Na pele de Duda, a top model do título, Malu estava no auge da beleza e juventude e com um carisma gigante. Sem dúvida, uma das atrizes de maior empatia com o público até hoje.

2)   MEMÓRIA AFETIVA

Quem viveu aquela época confunde suas próprias lembranças com as lembranças da novela. Que adolescente nunca desejou ser um dos filhos de Gaspar (Nuno Leal Maia)? Impossível não rever a novela e não recordar o que estávamos fazendo na época.

3)   MELODRAMA ENSOLARADO

Há quem tenta decifrar até hoje o que tem de Negrão e o que tem de Calmon na novela. Posso estar enganado, mas a mim me parece muito claro que o estilo jovem e ensolarado que Calmon já tinha mostrado em “Armação Ilimitada” se uniu ao típico estilo novelão de Walter Negrão. “Top Model”, além de sol, praia e diversão, tinha elementos autênticos de melodrama (o que faltou em “Vamp”) como o fato do mocinho Lucas (Taumaturgo Ferreira) ser filho bastardo do vilão Alex (Cecil Thiré) e os inúmeros dramas familiares, como a disputa entre irmãos, triângulos amorosos, doenças incuráveis e outros elementos indispensáveis a um bom folhetim. Um casamento perfeito do estilo dos dois autores.

4)   TRILHA SONORA

Uma das trilhas sonoras mais lembradas de todos os tempos. Como não amar “Oceano”, megassucesso de Djavan e tema do casal principal Duda e Lucas, tocando 36363 vezes por capítulo? E ainda há outras canções que viraram superhits na época e tocaram incessantemente na novela como “À Francesa”, na voz de Marina; “Vida”, de Fábio Júnior; “Hey Jude”, versão de Kiko Zambianchi para o clássico dos Beatles; “Fica comigo”, hit chiclete da banda Placa Luminosa, espécie de Roupa Nova que sumiu tão rápido como surgiu; e “Essa Noite, não” (minha favorita), de Lobão. Também merecem destaque “Independência e vida”, canção pouco conhecida de Rita Lee; “Babilônia Maravilhosa”, com Evandro Mesquita; “Bobagem”, de Léo Jaime e “Nega Bom Bom”, que tinha o verso mais sacana “punhetinha de verão” que todo mundo repetia no LP. E a trilha internacional também trouxe um punhado de sucessos, de Bee Gees a Tina Turner. O chiclete “Oceano” foi substituído por “Right here waiting”, na voz de Richard Marx, tema principal de onze entre dez festinhas adolescentes da época. Do tempo em que os jovens ainda dançavam de rosto colado.

5)   JOVENS TALENTOS

Flávia Alessandra, Adriana Esteves e Gabriela Duarte: estreantes

“Top Model”, sem dúvida, tem o elenco jovem mais talentoso das novelas, de fazer inveja a qualquer temporada de “Malhação”. As beldades Gabriela Duarte, Adriana Esteves e Flávia Alessandra estreavam diretamente do concurso do Faustão vencido por Flávia que, estranhamente, ficou com o menor papel das três. Jonas Torres, o eterno “Bacana”, aqui já adolescente confirmando seu talento; Carol Machado, Henrique Farias, Rodrigo Penna, Igor Lage, todos ótimos! E Marcelo Faria também estreando em novelas. 



6)   ELENCO DE PESO

Além do ótimo time de atores jovens, “Top Model” também tinha ótimos atores no time de coadjuvantes, como Eva Todor, sempre engraçada na pele de Morgana, a mãe maluquinha de Gaspar e Alex; os saudosos Felipe Carone, Luiz Carlos Arutin e Chiquinho Brandão; Jonas Bloch, Denise del Vecchio, Cissa Guimarães, Suzana Faíni e Jacqueline Laurence, todos em ótimas atuações; e Maria Zilda, sempre muito bem em tipos bandidos sensuais, aqui como Marisa, o pomo da discórdia dos irmãos Kundera.

7)   PAINEL DE UMA ÉPOCA

Para aqueles que gostam de comparar as diferenças entre duas décadas, a novela também é um prato cheio, a começar pelos figurinos cafonas oitentistas considerados chiquérrimos para a época; a beleza natural pré-siliconada e marombada de belas modelos e garotas da praia; e o próprio termo “top model” até então desconhecido do grande público.

8)   PARTICIPAÇÕES ESPECIALÍSSIMAS

Regina Duarte, entre Evandro e Nuno, como uma surfista
Outros momentos deliciosos de “Top Model” foram as participações mais que especiais das mães dos filhos de Gaspar (Nuno Leal Maia): Susana Vieira como a mãe de Elvis (Marcelo Faria); Regina Duarte fazendo a mãe de sua filha na vida real, Gabriela Duarte, que fazia a Olívia; e Rita Lee, como a mãe de Jane e Ringo (Carol Machado e Henrique Farias), que era uma extraterrestre e partiu em um disco voador. Como não amar?

9)   TRIO VERSÁTIL

Não deixa de ser divertido também ver Nuno Leal Maia como Nuno Leal Maia, Taumaturgo Ferreira como Taumaturgo Ferreira e Evandro Mesquita como Evandro Mesquita (risos).

10)DRICA E ZEZÉ

“Top Model” também marcou a ascensão de duas atrizes pouco conhecidas na época e que hoje são grandes estrelas: Drica Moraes e Zezé Polessa. A primeira arrancou gargalhadas na pele da sonhadora empregada Cida, apaixonada por cantores bregas. Já Zezé marcou como a atrapalhada Naná, espécie de Zelda Scott balzaquiana, principal pretendente ao coração de Gaspar. O bordão de Naná, “meleca” fez o maior sucesso na época.

Zezé Polessa, impagável como Naná
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E vocês? Estão acompanhando a reprise? Quais são suas melhores lembranças de “Top Model”?

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